sábado, 12 de fevereiro de 2011

A Magia de Elisabete

Quando criança morava em uma rua do subúrbio de Anchieta, na cidade do Rio de Janeiro. Foi na década de 70.
As casas eram grandes e tinham muitas árvores, os muros eram baixos e poucas ruas eram asfaltadas.
As crianças brincavam na rua e não havia tanto carro. As brincadeiras tinham o tempo de ir e vir, uma época era pipa, outra pião, bola de gude. Carrinho de lata de leite e barbante eram puxados pelas crianças, era tudo muito especial e divertido, por mais simples que fosse. As meninas brincavam de boneca, de casinha, de roda. As crianças comiam as frutas no pé.
No verão, as pessoas conversavam nas calçadas aproveitando o entardecer.
De todos os moradores da rua tenho um carinho especial por Dona Elisabete. Na verdade, estou escrevendo este texto, porque a encontrei na semana passada.
Elisabete fazia e vendia balas de leite com coco. Algumas vezes minha mãe ia conosco a casa da vizinha para conversar e comprar balas.
Lembro do fascínio que as panelas e o fogão causavam em mim. A cozinha era o lugar da magia, o lugar em que um monte de ingredientes tornavam se uma coisa única. As Balas da Bete!
Não conseguia entender como ela puxava aquelas tiras de caramelos ainda quente e depois  transformava  cada tira em muitas balas de coco.
Elisabete está com 80 anos, é uma senhora lúcida, saudável e alegre. Seus filhos  cresceram, casaram. Seus netos compram balas em várias lojas e desconhecem a magia de fazer balas. São outros tempos. Que saudade!

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