Durante muitos anos escrevi poesias. Porém, ao passar dos anos, acabei direcionando minha escrita para contos e crônicas. Nada melhor que um blog para compartilhar essas idéias e maluquices que povoam o nosso imaginário, sem excluir a poesia do dia a dia.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
De perdas e ganhos
À Alex Crespo Amigo e Afilhado
Na véspera de completar oitenta anos o avô que estava sentado com o netinho na varanda, contemplou o neto com muito carinho, e com voz suave perguntou se ele sabia quem faria oitenta anos. O neto respondeu que sabia e o avô quis saber, se ele já havia pensado no presente, resposta do neto:
_Já, mas não encontrei.
_E o que você queria me dar?
E o menino:
_Se eu tivesse encontrado, sabe?.. eu queria dar um avô para você.
Esta história é contada pelo escritor Pedro Bloch no livro Criança diz cada uma e me veio a memória depois que soube do falecimento da avó do Alex.
Lembrei do desejo inusitado da criança, da brevidade da vida, da linha de tempo, que na mente infantil parece infinita.
Quantos anos teria o avô de alguém que têm oitenta anos ?
Como seria a saúde, a personalidade ?
Quais referências teriam norteado a vida desta pessoa?
Estas perguntas são pertinentes como possibilidade de existência, mas são irrelevantes quando falamos de vivência.
A vivência tem o sabor, o cheiro e as rusgas do cotidiano. Tem a expectativa do entorno. Do encontro, da troca. Da aprendizagem. Tem peso de eternidade, porque algumas coisas nem a morte consegue apagar.
Nossos queridos que partem ,deixam uma herança que ultrapassa, o valor de bens materiais. Deixam a alegria por termos convivido com seres imperfeitos e belos, o estímulo para que passemos pela vida, encarando as circunstâncias contrárias, apesar de fragilizados.
Então, celebremos a vida e guardemos na memória com ousadia a trajetória de suas vidas.
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Sinto saudades dela...
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